sábado, 26 de dezembro de 2009

Por onde anda?

Anda muito
Sem destino
Não telefona
Nem pra dizer
Dizer que vai
Vai andando
Sem rumo
Corre o mundo
Por passos dados
Sem números, rotas
Nada mais
Tem a si
Sempre é assim
Busca o que?
Enquanto anda
Só anda
Anda Muito
Não diz por quê.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Bar

Pareceu-me confuso nas palavras, fingi entender tudo com clareza e espanto dando margem a qualquer continuação. Continuou. Acredito que disse alguma coisa sobre mulher, dei-lhe um conselho pronto e prosseguiu. Em certo momento me ofereceu um cigarro, por receio de demonstrar indiferença, aceitei. Ele acendeu o dele e o meu com exatidão e entregou-me desajustado. Depois de duas tragadas fortes continuou seu assunto furado, perguntei-lhe se podíamos sentar. Sentamos. Segurou-me a mão e olhou-me fundo. "Posso lhe confiar um segredo?" - Indagou com os olhos marejados. Ao responder que sim, deixou uma lágrima rolar e me matou por dentro.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Amor e Adeus

Eu nunca te disse adeus
Jamais pretendi, contudo, amar-te para sempre
O amanhã me confunde
Assim como o passado me desfaz

Vejo-te torto dormindo o cansaço
Tua respiração vira ritmo
Balanço bobo na tua música
Faço letra, canto sempre, fico roco

A despedida entorpece, machuca
Não te quero ver pela última vez
Fiquemos assim para sempre
Eu, ao teu lado a velar
Você num eterno doce sono


sábado, 5 de dezembro de 2009

Próximo ponto


Apocalipse momentâneo enquanto o ônibus passa por um grupo de crianças
Grito cru da moça que balança ao som da morte fresca
Fuga de si, sim.
O mundo acaba nos braços do dragão vermelho
Cuspes de fogo
Sopro do vento
O mendigo pergunta que hora marca o relógio.