sábado, 26 de junho de 2010

Afiado

- Pedi-lhe o fogo, recebi carícia. Como fizeste da sala pequena o teu pandemônio? Explicaram-me com calma a tua subversão, mas não entendi a tua covardia.

- Podemos arrastar o sofá para aquele canto? Acho que a sala pode ser mais prática se tivéssemos esse espaço livre, você não acha?

- Tu não vês que essas metas só te afundam? O córrego das tuas mentiras escorre entre meus dedos, e você ainda tem coragem de me olhar nos olhos?

- Eu não vejo porque não trocar este sofá de lugar, olhe bem. Tente visualizar as ligações cromáticas que se dariam entre o sofá e a parede nova.

- Faz assim seu escárnio, mete este teu sofá onde quiseres bem. Não me importo com tuas cores, nem tão pouco com suas vontades. Só não quero ter que arrastar esta porra se quiser abrir a janela.


Egoísmo altruísta literário

"Cadê você Camille?" - pensou ele enquanto corria pelo beco escuro fumegante. Não pensou realmente, eu disse que pensou, pois preciso que alguma coisa inicie a história boba de um homem correndo em um beco. Ele pode estar bêbado, maluco, zangado ou vingativo. Escolha você, eu continuo.
Após correr pelo beco pensando em Camille, avistou na esquina escura o maior confronto de sua vida. Bem, escolha o que será novamente, não acha que isso está ficando interessante?
Em disparada na direção do pesadelo afirmou suas crenças e seguiu. Cheguei agora em um momento muito importante do caso, pois dependendo do que este senhor acredita, sua vida pode mudar e ele finalmente encontrar Camille ou tudo continuar igual. Certo de que muitos vão atribuir-lhe crenças positivas, vou aderir a isso a continuidade, porém os negativistas sintam-se à vontade para continuar sozinhos daqui.
Coberto de si mesmo, cheio com o líquido da vitoria ele continuou e na mais improvável das hipóteses aconteceu. Espero que muitos de vocês tenham visto a cena final tão bem quanto eu. Obrigado.

domingo, 6 de junho de 2010

Apaixonado

Não acabou no fim, foram necessárias mais duas horas de choro e auto-explicação. O amor nos promete, mas nunca dá. Egoísta confuso sofrendo os males da própria tragédia. Como eu posso te explicar de forma fácil? Bem, não foi. Queria muito que fosse, mas não foi. E agora entre as outras beiradas das quais não caio há mais uma. Tão sórdido Shakespeare que não pode aumentar a dose. Arraigada a tristeza na nota grave do piano, a música não muda de tom. Espera-se sempre a revelação maravilhosa. Não sabem tolos que do lado de dentro cheira mal.