sábado, 8 de maio de 2010

No inverno a dor é mais forte

Sentou-se só na rua morta de inverno. Todos os pássaros são pretos quando o céu é branco. Não ouviu a própria voz quando tentou falar. Viu-se mancha quando se curvou, soprou-se vento quando achou estar. Sofreu calada e encolhida. Sofreu a tarde inteira. O relógio descompassado do frio adianta a noite como criança arrastada pela mão. Chegou suave e poderosa. Tomou-lhe conta, abraçou-a sem pedir. Sofreu junto. A brisa muda ao som da noite, vem com gosto, com lembrança. Choraram juntas.

domingo, 2 de maio de 2010

Simples

Tão mais que o riso esquentando a cara
O dia forte com luz  que vaza as folhas
Bem simples o sopro da chuva chegando
Na roda a bola de mil mundos soltos
Sem a preocupação da camisa suja
Pula o muro, cospe a verdade
No cansaço sono verdadeiro
No tombo susto
Na volta criança