Pensou em cortar o cabelo. Era uma das formas mais claras de demonstrar desespero, já estava cansada de chorar. Mas acabou chorando por não ter coragem de cortar o cabelo.
Seu telefone tocou forte, pareceu rasgar sua dor junto do silêncio e transforma - lá em ferida sangrenta. "Alô" - Disse, e logo em seguida desligou o telefone com fúria: Era ele.
Não sabia ao certo se sofria pela solidão que se aproximava ou pela liberdade alcançada.
Tinha medo do porvir. O futuro de tão incerto lhe dava frio na barriga. Frio ruim. Frio doloroso. Não daqueles de montanha russa que passa rápido. Era duradouro e profundo.
Acabou por decidir esperar a noite terminar antes de sair pra comprar cigarros. Corria o risco de encontrá-lo bêbado na padaria da esquina. E isso seria horrível. É melhor ficar sem fumar, ou melhor, apenas fumar, o último que sobrava.
Pensou forte no que faria, e isso doía, porém pensou. "Alugar uma kitnet adiantaria?" - Se indagou antes de pegar no sono. O quarto branco assumiu então outra dimensão. Ficou grande e vazio, apenas a guardar um corpo sofrido e choroso. E o único som que se ouvia era o da respiração de Julia misturada com o vento frio que batia na janela.
(continua...ou não.)
Por Lucas Moratelli.
O lugar
Há 2 meses
7 Opiniões:
god text, keep on this way!!
In english, ui!
Cara, Ler Isto ao Som do Dylan Resulta em um Orgasmo mental.
Espero q tenho 2º Cáp.
cara, não devemos ter medo do que fazer, temos que seguir em frente sempre...
se não não vivemos, vegetamos...
é basicamente a situação da mocinha dessa estoria mto bem desenrolada por usted
abraços
humm...
seus contos fazem muito me lembrar das obras de dois amigos meus. Kayo Medeiros (blog azul cereja) e Clarissa Marinho (discurso monológico).
muito profundo, sempre...
passo aqui pra acompanhar!
Esperamos todos por novos capítulos.
We are waiting.
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