domingo, 7 de fevereiro de 2010

E me diz...

- Eu gostaria de começar com uma morte e fazer assim um romance intenso que ficasse na cabeça das pessoas, entende? Não, não ria assim! É verdade, mas não penso só em vender livros, não mesmo. Penso em tantas coisas... Sabe meu filho, quando eu tinha a sua idade uma mulher disse que me amava. Foi a pior coisa que já me aconteceu, mas como dizem, devemos seguir. A partir disso eu comecei a escrever histórias, e eu acho que as histórias, os contos, os romances, me deixam viver o que eu nunca vivi. Pode parecer ingenuidade, mas quem não finge uma coisa ou outra pra parecer melhor, hã? Enfim, como eu ia dizendo, esta mulher que disse me amar, e que por conforto passei amar também, morreu logo, pouco tempo depois de se declarar para mim. MARTA, ME TRÁS UM CAFÉ? Você aceita um café, meu filho? MARTA, TRÁS DOIS! Depois disso, meus caminhos começaram a desandar, até que descobri que escrevendo eu saia de mim mesmo, foi o remédio mais barato e mais eficaz que encontrei. Na verdade acho que o dia em que eu parar de escrever eu morro, acredite, morro mesmo. Se não for por tédio ou saudade, vai ser por uma faca ou uma dose de veneno. Não se assuste, todos os seres humanos são um pouco suicidas. Sim, mas desta vez eu vou começar o livro com uma morte.


[ficcional]

2 Opiniões:

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

sim, todos somos meio que suicidas ... a morte por sua vez, mesmo sendo algo que nos angustia, nos traz tb um certo fascínio pelo novo, pelo não vivido ... assim, escrever e sonhar nos trás um pouco desta magia que é a morte ... viver o não vivido ...

bjux

;-)

Flávia Campos disse...

Bom, viver é um suicídio. Sendo assim eu penso que começando um livro por uma morte, na verdade, estaria começando por uma vida.

E escrever, aaah... A escrita, normalmente, decifra o escritor. A escrita nos deixa transparente; é tipo o interior em palavras.

Beijos e flores ;*