sábado, 30 de janeiro de 2010

Conta-gotas

Seria bom se todas as minhas crises de tédio rendessem coisas assim. Alguns vídeos guardados, uma idéia e um pouco de paciência na frente do Movie Maker.


"Conta-Gotas"
A pontuação das repetições do cotidiano.




Estático 2

Resposta da Tainá ao texto "Estático":


http://lectervirouvegetariano.blogspot.com/2010/01/estatico.html

sábado, 23 de janeiro de 2010

Estático

Sobre a engraçada podridão do tédio vespertino acolheu suas ideias mais ousadas de passagem de tempo e dedicou-se ao acaso. Acompanhado da inexperiência da solidão viu-se em meio a um turbilhão de possibilidades inexpressivas ao mundo que não o empolgavam pela fragilidade de suas proporções. Pôs-se fugitivo em si e acasalou o ócio com a preguiça frente à televisão ligada constantemente. Pelos minutos passados enquanto a desculpa de descanso foi válida não se culpou, a partir, porém decidido pela autovergonha espetou-se agulhas imaginárias compostas de expressões de ânimo. Insuficiente em si não mexeu os braças físicos nem qualquer outra parte do corpo esticado em posição de morte. Disperso em pensamentos e com o olhar fixo na tela colorida não se deteve em imaginar os possíveis desfechos do dilema trágico/desestimulante de fim de tarde, apesar das esperanças nenhuma hipótese criada foi interessante o suficiente para erguê-lo.

"Oh, se esta carne sólida, tão sólida, se esfizesse, fundindo-se em orvalho! Ou se ao menos o Eterno não houvesse condenado o suicídio! Ó Deus! Ó Deus! Como se me afiguram fastidiosas, fúteis e vãs as coisas deste mundo! Que horror! Jardim inculto em que só medram ervas daninhas, cheio só das coisas mais rudes e grosseiras."

Hamlet - Ato 1, Cena 2.


domingo, 17 de janeiro de 2010

Foi

Pesquisa afobada
Olha parada para o mar
Soubesse ia
Fazia aqui o que não fará por lá

Veja a roupa pela casa
A mera volta do estar
Santa espera de quem faça
Por tão querer fugiu pro mar

Vestiu bondade ente os panos
Rezou afoita sem querer
Amarelou a carta prosa
Deu-me triste o que escrever.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Florista


Filiou-se ao partido dos corações partidos em janeiro de 1987, quando Rogério morreu afogado em um mergulho de verão. Desde lá mantém ao aquém suas vontades mais íntimas de amor verdadeiro. Vive só, num quarto alugado decorado com desenhos feitos à carvão que se acariciados perdem a forma, as linhas, o sentido. Trabalha por trabalhar em uma floricultura que tem seus lucros em coroas de flores vendidas à funerária da esquina. Vende flores com cheiro de morte e cores vivas. Nunca se viu, antes do fim, acabada viva. Pela morte só espera cansada, veste sempre a mesma calça que lava nos fins de semana, fins esses que só servem para lavar a calça. Brinca de fingir com os outros que não a conhecem, com olas, alôs e ois mal pronunciados entre os dentes apertados e o sorriso branco. Vai levando a dor de existir com a esperança de acabar.  Na verdade acredita que não há muitas saídas para os que ainda conseguem apontar para o depois, num depois além de si acredita, mas tem andado até com esse desacreditada. Seria perda de tempo pronunciar-se sobre tudo, mantém-se calada na dor infiel da solidão e da saudade, até.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Praia


Passinhos leves contra o mar por força grande contra as ondas. Sol abóbora com céu manchado de fim de tarde. Viu marrom pelas lentes dos óculos antigos. Não deixou balançar a bolsa simples feita de um pano estampado. Mão na água feita a alisar o mar. Evaporou a sensação de brisa fresca. Sentiu sorriso, segurou algo pulsante por dentro. Nuvem branca migrando pro ali puxando pássaros organizados em triângulo sem base. Ela viu.



_

Feliz ano novo.