segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Atrás de um sorriso.

As coisas estão em seu estado normal e prontas para serem abandonadas na solidão fulminante de algumas horas sem seu dono. A mochila é posta, o tênis amarrado e a preguiça ignorada. "Não esqueça as luzes acessas e as portas destrancadas menino!" - Disse quando partiu. O pedido de cuidado com as luzes é ignorado, não as acendo quando não são necessárias. A porta é trancada após a leve meditação que me leva por todos os cômodos e me assegura, mesmo sem certeza, de que nada esqueci. Parto.

O ônibus é pego as pressas, tenho que chegar a uma da tarde. Solto, ainda é meio-dia. A corrida até o ponto do próximo ônibus me cansa. Como pode um menino de 18 anos estar cansado com uma mísera corrida? Como pode um menino de 18 anos correr cansado para o ponto de ônibus? Como pode um menino de 18 anos fumante não cansar ao correr no sol de 40º do Rio de Janeiro? O segundo ônibus foi pego, e nele aconteceram coisas maravilhosas, consegui voltar a respirar normalmente, por exemplo. Depois de 25 minutos eu já fazia parte do ônibus, estava lá sentado com os cabelos ao vento e com o olhar fixo na paisagem que se movia rapidamente. O sol e o morro não eram tão rápidos ao passar quanto as casas e lojinhas de beira de estrada, só pra constar. Cheguei por lá às 13:01, fui correndo por cima da grama que desde sempre não se pode pisar. "Não pise na grama", "Não fume" e o mais importante "Não pense, nem sob tortura". Cheguei, disse "Boa tarde", responderam-me simpaticamente. Às duas horas e meia que seguem o "Boa tarde" são coisas minhas, pulemos. Ao sair consegui tirar umas fotos do lugar, não pretendia ilustrar esta crônica e naquele momento, pra falar a verdade, nem imaginava esta crônica.


Mais um ônibus em meu caminho, porém este com um gosto diferente, gosto de vitória, de parabéns, de tranquilidade. As mesmas paisagens passavam em minha janela, entretanto agora com os tons de laranja, vermelho e amarelo que o sol lhes dava e na direção contrária. O calor dentro do ônibus era inebriante, unificador. Todos diziam "Que calor!", a sensação era geral, então no ápice das reclamações ao astro que nos mantém funcionando me foi incontrolável sorrir para a menina que tentava cantarolar qualquer coisa no colo da mãe.

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Certas coisas não precisam que seu sentido seja exposto como troféu a todos que as vêem. Se não faz sentido para você, continue nesta rua e vire à esquerda.

8 Opiniões:

Anônimo disse...

Legal isso! A impressão que passa é de que ter ido a esse lugar te deu um novo gás.
Usando primeiro "cansado" e imagens de uma situação desconfortável. E depois você vê cores animadoras, estimulantes e o calor se torna parte de um clima aconchegante. Transmite conforto e esperança.

Boa sorte, Lucas!

Xubis D. disse...

oi Lucas!
Bom, Crepúculo não é a melhor série do mundo - também não me interessei muito por ela, avabei lendo por insistência de uma amiga. Não me arrependi. Mesmo não sendo um livro ótimo -com história e sensações para se aprender e viver- os livros me dão um descanso de estudos e livros de vestibular.

Seu texto é lindo. Maravilhoso, e o final diferente me chamou muito a atenção - se não faz sentido para você, continue nessa rua e vire à esquerda.
Bom, posso dizer que fez todo o sentido do mundo para mim. Uma obre de arte em palavras.

Beijo da
Lu Paes

Anônimo disse...

Muito bom, hein! A leitura de seu blog se torna ainda mais bacana com o Beirut ao fundo! Já disse que gosto de sua objetividade nas suas histórias, né? Muito bom!

Anônimo disse...

Ah! Te indiquei um selo! Vê aqui: http://muitosemum.blogspot.com/2009/02/ciclos-da-cidade.html

Anônimo disse...

opa... obrigado pela leitura, Lucas. ah, sim... não passou despercebido não. é que só vi o "premio dardos", que eu já tenho... só esqueci de agradecer mesmo..rs foi mal rs

Anônimo disse...

opa... obrigado pela leitura, Lucas. ah, sim... não passou despercebido não. é que só vi o "premio dardos", que eu já tenho... só esqueci de agradecer mesmo..rs foi mal rs

Anônimo disse...

Caramba. .... muito bom ...

Acho que me deu um pouco mais de ânimo ler isso .. mas tbém que num gosta de ler coisas bonitas neh? rsrs ... meus parabéns pelas palavras .. vc tem o dom ... topa parceria??? abração

Vinícius Rodovalho disse...

Também sou adepto da praticidade de não acender as luzes quando não são necessárias. Mesmo sendo conselho de mãe - e sabemos que conselho de mãe não se descarta - eu os ignoro quando não são necessários. Só resta o medo futuro de mãe estar sempre certa...

Quanto ao cansaço, também me pergunto como pode a juventude senti-lo. Fumante, calor e distância que seja, a juventude tem os poderes do mundo! Os poderes de Obama! Yes, we can. At least we could. Talvez a Juventude nem sempre seja o que aparenta.

E sobre o segundo ônibus... Ah, o segundo ônibus! Preciso de um desses, viu? Onde fica o ponto? Sem dúvida, vale a cansativa corrida.

Belo texto, como sempre: eu continuo nesta rua, mas viro à direita.

:)